Eu atravesso
o tecido espesso do tempo,
tinjo de vermelho fosco
a tapeçaria intrincada
que bate o vento
e nunca seca.
Seria um tear sem fim
a substituir vermelho por cores
e depois novo vermelho,
encharcando o solo a ponto de fugir
na esperança de um coágulo,
ou umidade de terra que transformasse,
de líquido em líquido,
em transmutada fertilização.
Corar de céu diurno
os sérios brinquedos
de seda arranhada,
lavar com sol e lua
a vestimenta torta
da cabeça dos seres.
Rasgar em novos fios,
finos e resilientes,
compondo novelos
com o breve intuito
de entrelaçar poros
molhando no espelho vivo
dos rios.
Desvendo trilhas
cortando certezas,
com as folhas secas da cegueira
gero a seiva da visão;
desenho em pontos
um figurino de chuvas.
N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
O sol lança uma sombra dourada na cidade,
luz serena no tilintar assíduo dos seres:
não se precisa de viseiras.
Os olhos se encostam através das brisas,
brincando como sedas esvoaçando.
O som é de canção e cada ouvido se adapta
à sua beleza: todos degustam letras gentis
enquanto argumentos desabam.
Os raios sugerem o passo,
destino em cada grão de areia revolvido.
A chuva vem como unguento disfarçado,
incenso derramado nos sulcos do ar.
A terra se demora elaborando a justa densidade,
dançamos a umidade com sementes nos pés.
luz serena no tilintar assíduo dos seres:
não se precisa de viseiras.
Os olhos se encostam através das brisas,
brincando como sedas esvoaçando.
O som é de canção e cada ouvido se adapta
à sua beleza: todos degustam letras gentis
enquanto argumentos desabam.
Os raios sugerem o passo,
destino em cada grão de areia revolvido.
A chuva vem como unguento disfarçado,
incenso derramado nos sulcos do ar.
A terra se demora elaborando a justa densidade,
dançamos a umidade com sementes nos pés.
sábado, 12 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
E a criança disse:
As horas atravessarão o desdém dos seres.
Eles e elas se olharão sem ver inimigos.
Os desejos de um não esparramarão suas vestes
no solo agora preservado dos desejos do outro.
Haverá riso e beleza nos dentes.
As torrentes levarão os detritos dos encontrões.
Edifícios cairão e se erguerão horizontes.
Respirar será fácil, moderando o fôlego ou perdendo.
O cansaço será alegre e o novo dia abundante.
Sob um perfume cambiante entoaremos duetos e corais.
As horas atravessarão o desdém dos seres.
Eles e elas se olharão sem ver inimigos.
Os desejos de um não esparramarão suas vestes
no solo agora preservado dos desejos do outro.
Haverá riso e beleza nos dentes.
As torrentes levarão os detritos dos encontrões.
Edifícios cairão e se erguerão horizontes.
Respirar será fácil, moderando o fôlego ou perdendo.
O cansaço será alegre e o novo dia abundante.
Sob um perfume cambiante entoaremos duetos e corais.
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