a Amanda
caminhando
abutres à espreita
em voos baixos
e curvas
exalando descaso
tropeçando em grãos
de areia chata
ou em rochedos
num desnorteamento
míope
e fatigado
a fome resta
ao fim de banquetes
lautos
insensível e lassa
surda a qualquer menção
de céu azul
ou picos nevados
as palavras líricas
da poesia amada
penetrando o entendimento
sucumbem
em descompassadas sangrias
a fortalezas guarnecidas
por lamentos
sexo oleoso
e frias carícias
como o embalar
de engrenagens
desgastadas
os olhos secos
ardendo
num fogo alheio
o prazer terrível
da dor segura
e nunca ameaçada
soprando ventos
em direção à terra
coberta
num feroz desenlace
pelas úmidas ondas
de um golpe preciso
clandestino
e gelado
extravasando nas pupilas
o conteúdo das veias
rompidas
no derrame das cordas
num morticínio
da letargia prostrada
no romper da entrega
ao estúpido estupro
da morte
desinteressada
revolvendo em tornados
o espírito do incêndio
o desaguamento impávido
em encostas devassadas
atirando
ao extremo das nuvens
o grito
incerto e despertado
estilhaçando as certezas
no jorro enfático
da voz rouca
revivida
conquistada
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