N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Estrondo
Arrebato taquicardias em desvãos quase mortas por desuso, lâmpadas ruídas e janelas em estertor atravancadas, gretas como lâminas podando fios de aranha. As pupilas se expandem, o pó flutua e caído mancha a sola das minhas ambições em grave oitava. Desnudo-me em criação, reúno trastes numa transmutação sem piedade, sopro outono nas paredes como a limar projeções timoratas, conjuro martelos, abdico de levezas, intento a fulminação dos telhados abrindo meus órgãos à brasa manca no meio-do-céu. Incho meus pulmões com a flecha imunda das vísceras, garganta exalando num veludo agressivo o vermelho extático a se infiltrar nos declives que abalo armado de memória polida. Unto minha volúpia que afoita como átomos se multiplica e explode em clarão insolente todos os entornos, meu sangue treme na queda, quebro arestas com roçares, embebo em terra úmida meus pés em chamas com a chave dos ventos.
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