Neste reino incompreendido,
todos os espaços são distantes.
No chão torto que pisamos,
prisioneiro da névoa,
oscilam olhos frágeis
que erram na busca
e tudo o que encontram
são figuras de Monet.
Contentem-se, olhos desprovidos,
com a acuidade que lhes foi concedida,
guardem a humildade de suas restrições.
Aproveitem que,
no reino das miopias,
os olhos podem se tornar
mãos estendidas em dádiva,
e a dádiva é tudo o que portarão.
Olhos cerrados
arranham as pestanas
e inflamam as palmas,
escapam do erro
caindo no nada.
Deleitem-se
na visão imperfeita,
nos dedos a florescer,
nas peles que se tocam
e não se penetram.
Neste reino,
desdenhar a miopia
é ser cego no despenhadeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário