Assisti a este curta-metragem pela primeira vez na Mostra de Tiradentes, em 2002, e ele me impactou muito, com seus intensos vinte e poucos minutos. Anteontem o revi e o abalo foi o mesmo.
A riqueza psicológica da protagonista é imensa.
| Spoilers a partir deste ponto |
Dá para se perder mergulhando em seus devaneios, suas percepções, suas impressões, suas emoções. É tudo muito forte. A música minimalista, que se confunde com os sons da rodoviária, expressa magistralmente a solidão e a angústia reprimida desta personagem que consegue transformar tudo ao seu redor em sonho e poesia.
O alheamento desta alma errante que vaga numa rodoviária esperando um ônibus que nunca vai chegar, procurando em estranhos um substituto para uma ausência irreversível, tentando trazer a vida de volta através de palavras que se movem, é pungente, inquietante e sublime, ao mesmo tempo.
Há tantas frases maravilhosas que Françoise diz, que é impossível escolher qual é a mais bonita ou sugestiva.
"Aí me deu vontade de ir lá, mas não pelas águas ou pelas pessoas, mas pela música."
O curta se baseou no conto de mesmo nome, presente no livro
Tarde da noite (1970), de Luiz Vilela
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