Saio às ruas
e tudo o que vejo
são pontas.
Ouço barbaridades,
presencio atrocidades,
pontas.
O que
se esconde
sob águas tão geladas,
queimação inversa
de corpos mornos,
chagas abertas
que se esquecem de si
mas não arrefecem.
É inútil
amaldiçoar o gelo afiado,
afeiçoar-se à superfície,
nadando em julgamentos rasos
de suportáveis temperaturas
aquém das regiões
abissais.
Degelar
o mistério, evaporando
precipitações valorativas,
descortina uma compreensão
que atravessa os prejuízos.
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