Calcular
uma obscuridade alimentada
em imagens e simulações,
é como interpretar,
subjetivamente,
uma equação exata.
Hipotética conta
que nem os deuses antecipam,
confusão de vontades,
liberdades, estímulos
e feridas.
Especialmente,
feridas.
A incompreensão
e a indiferença grassam,
enquanto cruzamos braços,
entortamos línguas
em despropérios,
absolvemos em nossas sombras,
tênues, talvez,
frente à insanidade execrada,
tudo o que nos cega
no reflexo de nossas vísceras
se dizendo inocentes,
nossa ilusão de impecáveis
sentidos.
Chorar,
consternar-se pelas crianças,
pela dor absurda,
pela pontada de uma espécie
fracassando.
Chorar,
olhando dentro,
que a aguda tortura
pode estar perto,
sorrateira e ardilosa,
mais do que perto,
não havendo indignação
tão poderosa,
inerte e solitária,
a resolver em higiene
um mundo manchado,
um corpo
de relações leprosas,
amontoado de fios rasgados
de desgovernadas agulhas,
talhas esfoladas
numa nudez sem direção.
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