me atirarei no abismo
lá onde medos se enfrentam desastrosos,
comendo chão, bebendo suor e um amargo
e quente vermelho, que gruda na glote
arranhando a garganta engasgada e rouca
no soar dos resilientes trinados
imantações telúricas espreitando em redor
de todas as percepções, penetrando os ossos
sem avisar das consequências custosas
da sustentação do sofrimento em todo
o seu peso, alastrado pelo norte
e daí a todas as direções cardeais
medos que não se sabem medos,
desconhecendo a cravação dos punhais
em suas próprias peles no lacerar
das alheias, entranhas saindo viscosas
sem que as vejam sob a bandana
da empáfia e da ilusão de existências
segregadas, desolação inconsciente
do reprimir da centelha no mais fundo
o disparate aparente, a olhos
desavisados, do mergulhar deliberado
na doença e na morte, vibra aqui dentro
no trampolim para as águas escuras
de escarlate manchadas, reino
de caducas e encarecidas máscaras
idolatradas por miseráveis que se fiam
abastados, mas que cegos e certeiros
preparam ruínas inevitáveis e cabais
absorvo e encaro minha hesitação,
e numa pausa decisiva dobro os joelhos,
dentro de mim o fogo solar,
nas mãos abertas a consciência da dor,
na boca a leveza, nos pés a presteza
e no olhar a certeza do amansar
difícil, vagaroso e tenaz
dos corpos convulsionados sobre
alegrias dilaceradas que,
num salto duvidoso, me proponho
a catar, acolher e juntar
imergindo num resoluto propósito
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