Eu te vejo, feita de ar.
Te respiro, enquanto transpiro, brasa macia a te roçar os resistentes contornos, meus pelos te crestam e sua diáfana pele se marca, em tatuagens invisíveis, nada que não suma se escolher invocar as impressões dos meus úmidos dedos, escalpelando as vigorosas pegadas da experiência, dos átomos de fluidos se chocando na agonia do salto e do mergulho.
Não demando o insano culto às folhas reintegradas à terra, sob os dedos do pé empinado, a erguer altares a ventos fenecidos, reverências retroativas moldando rostos compostos de imagens precárias arrojadas em telas etéreas e imprecisas, no interior de afetivas concatenações de brevidades há muito evanescidas, em presentes viços, a alimentar percalços coronários e sangue fatigado circulando.
Não escorregue, porém, a nutritividade dos fios novelados, para o ímpio fogo a soprar poeira esculpida, fina como a eletricidade das células cerebrais, desfazendo everestes, até a horizontalidade de uma calmaria funérea.
Olhos e ouvidos, e todos os sentidos, perplexos nos escombros da incerteza, rumam inermes para chuva e areia, engolfados no incessante câmbio de posições e consistências, jogo de clarão no breu, risco de respiro, invisível tinta sob a derme.
Eu te vejo, feita de tempo,
enquanto, leve, meu ser e falta movimento.
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