teu coração, com sua batida alheia,
elusiva, escapando do meu em vão,
enlaçado na pulsante corrente
que o alcança, o encosta
e o imita, num toque uníssono
que ensurdece nosso ardor,
desdobrando em descompasso abrupto
e ritmo renascido
onde toca um, cala o outro,
depois alternando, num marulhar
de sangue fluindo, o contraponto
dos tambores suados, dos címbalos
exauridos, subvertendo o ar
em torno e apressando o alento,
apertando nossos peitos imantados
numa taquicardia extática
que escreve, no tecido das veias,
a partitura insana que transborda
vorazmente o corpo, se alojando
no recôndito da carne,
esculpindo cicatrizes espontâneas
de uma certeza breve,
desaguando no fastio
de um porvir sedento
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