me vejo sem data, sem época, ignorante do meu tempo, solto no vento, deitado na praia sob o sol, não sabendo o que vestem à minha volta, o que falam quando se amam, se se apaixonam, se cometem desatinos ou se limitam à embriaguez ordinária, me vejo na água violenta e nado, nado longe, nado e sumo na imensidão de sal e azul
terra me recebe, piso areia úmida à luz da lua, lateja em mim o pulsar dos seres, atravesso o ar palpável, respiro encontros, brinco gritos e solfejos, me armo de ouvidos, umedeço os olhos, constato a estrutura prosaica da minha própria anatomia, numa revelação quebro o relógio e me conformo à plasticidade esquiva das horas
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