N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

meus olhos sem nitidez tateiam o mundo

no epicentro
dos desentendimentos

a perplexidade
como uma faca invade
minhas certezas

lentes justas
partidas no chão

ouvidos tontos
da dança escura
das versões

palavras como ventos
oscilam raízes
cujos cheiros
me confundem

relampeando ódios
sobre galhos
secos de fertilidade
folhas cinzas
e dores inflamáveis

restarão florestas
ao esgotar das desavenças
sobrará movimento
na seiva exausta
e nos caules implodidos

dúvidas ao cubo
entorpecendo o rumo
demandando frequências
sem receptor

piso firme
o asfalto encharcado
desviando poças
com as solas lisas
do abalado discernimento

o norte me espera
enquanto míope
com uma lanterna vagueio

primeiros socorros
no bolso de trás
o único
que não rasgou

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