N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Citação: Paulo de Tarso (c. 2 AC - 62/64 DC)

"O amor é paciente, o amor é generoso; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo perdoa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

1ª Carta de São Paulo aos Coríntios

(13, 4-7)

Algumas dessas definições podem parecer utópicas para o ser humano. Porém, a natureza de qualquer utopia é ser uma espécie de estrela guia, onde nunca se chegará, mas que orienta numa determinada direção.

Ter fé nas pessoas, às vezes, é o mais difícil. Principalmente quando elas nos decepcionam, ou estão muito distantes do que acreditamos ser o comportamento ético, honesto, fraterno. Porém, para ter fé na Humanidade, é preciso ter fé nas pessoas, na possibilidade de sua regeneração. E é tendo fé na Humanidade que temos a maior chance de evoluir.

Perdoar não é o mesmo que fingir que nada aconteceu, deixar de reconhecer que houve um erro, que há consequências para esse erro e que elas devem ser implementadas. Mas a energia do perdão é como uma limpeza, que possibilita um recomeço em um nível superior. Os erros são excelentes professores. E o aprendizado é sempre facilitado quando se tem fé nos alunos.

Perseverar no desejo de uma Humanidade melhor, na crença na possibilidade de sentir, praticar e difundir, cada vez mais, um amor como o que Paulo sugere, com determinação e engajamento, é essencial na busca de uma vida pessoal e coletiva mais justa, solidária e feliz.

Por maior que seja o desafio.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Citação: Rainer Maria Rilke (1875-1926)

"Deixe a seus julgamentos sua própria e silenciosa evolução, sem a perturbar; como qualquer progresso, ela deve vir do âmago do seu ser, e não pode ser reprimida ou acelerada por coisa alguma. Tudo está em levar a termo e, depois, dar à luz. Deixar amadurecer inteiramente, no âmago de si, nas trevas do indizível e do inconsciente, do inacessível a seu próprio intelecto, cada impressão e cada germe de sentimento, e aguardar com profunda humildade e paciência a hora do parto de uma nova claridade: só isso é viver artisticamente na compreensão e na criação.

Aí o tempo não serve de medida: um ano nada vale, dez anos não são nada. Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranquila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir. Mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio intrépido, como se diante deles estivesse a eternidade. Aprendo-o diariamente, no meio de dores a que sou agradecido: a paciência é tudo."

Cartas a um jovem poeta
(1903)

Rainer Maria Rilke
(1875-1926)

- Tradução de Paulo Rónai