N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Os andantes estão deitados:
bênçãos caem sobre a cidade
como chuva fina modulando o sono,
no sereno refletindo o azul-escuro do céu.

Escondidos nas batidas que não se ouve,
os sonhos se infundem de umidade,
nutrindo as imagens do tom delicado
que sopra o amor como um sussurro.

Anjos discretos se expandem,
guardando a enorme vila em sutil
inspiração, 
cansando as asas no atrito do ar
que não acolhe plena sua descida.

Insistindo no descabido propósito,
absorvem, num retorno efêmero ao sol,
o peso dos abismos,
derramando-se oblíquos
como impalpável perfume 
no fundo do ser.

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