N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Carrego em mim um mundo que não conheço. Tudo está em mim sem que eu possa concebê-lo. Tenho olhos que alcançam o horizonte, depois dele tenho os olhos dentro de mim. Não invejo a onisciência. Prefiro a cada passo o gosto de um novo momento. Tudo que está em mim e ainda não vivi. Quero olhar uma poça de sangue e ver a morte e enxergar beleza. Quero olhar uma poça de sangue e ver a vida e ferir acordes. Vejo você como uma outra vereda para o mesmo mundo que porto. O mesmo mundo em cada partícula de cada corpo. O mesmo mundo que ninguém concebe. Estar no mundo e não sê-lo, tê-lo em si e não ser senão um caminho. Mostre-me o seu chão, quero percorrê-lo com meus pés sujos de tempo. Entro na sua versão do mundo e vivo uma outra, além da que era sua e da que me pertencia. Carrego o mesmo mundo perpassado por mim e por você. O mesmo mundo nunca o mesmo para mim e para você.

Um comentário:

Mdemim disse...

creio que são as visões distintas, que se complementam, os olhares inversos, que se cruzam, os chãos duros, que doam sentido, os pés sujos que reconhecem caminhos limpos.e o mundo nunca o será o mesmo, e ainda bem.e os horizontes também.e os olhos, aquém ou além, carregam o horizonte da alma de cada um, num mundo tão desigual, mas que às vezes mais parece ser apenas um.e ainda bem.

parabéns.