N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Audácia

Desgarrado por um momento de suas velhas ambições, ele se abre ao vagaroso florescer de um outro norte; como um propulsor, a afetuosidade instigando o brio latente de uma gema brotando em pássaro na hora exata, primeiro canto se derramando macio sobre a fauna ardente de tantas chagas; ele assume diante de si a tarefa inglória da singularidade almejando contiguidade sem arranhões, desenganado mas renitente, vulnerável a desprezos sustenta a estranha marca de seu rosto na enorme antessala; o solo firme da resolução transmuda seus olhos, firmados em cada pormenor com delicadeza de unguento, a discernir a hora de mirar ou descansar a alma nua de um irmanado qualquer; ele planta as sementes de uma árvore frondosa e ancestral oferecendo sombra aos que se aproximam, pequeno recesso em que galhos e raízes circulam a seiva até os limites de cada espontânea envoltura; é um panorama de cores a sonoridade plástica de seus fugidios pensamentos, penetrando, em ondas de infância cultivada em oitavas, os poros de cinza a dormitar na assombrada face dos que anelam.

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