Um assomo de incertezas
faz dobrar a esquina
de obliquidade escassa,
guiando-se nos raios
que os postes molhados
derramam nos para-brisas.
Notas de esquecidas canções
largadas no carro aberto,
abandonado,
numa confiança descuidada
anacrônica, perdida, deslocada.
O céu
quer jorrar sua própria canção
seus cinzas, seus claros, seus escuros
dançando a toada de
água, peso e gravidade
inundando avenidas,
invadindo armazéns,
transbordando bueiros,
deslizando encostas.
Concerto indiferente
desconsiderando planos,
delineando invenções compulsórias,
regendo, inesperado,
vozes, lamentos, gritos,
demandando fortalezas
sem pedir licença.
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