Não quero mais tobogãs ou mergulhos na pedra.
Colocarei meu rosto debaixo das águas
que despencam ladeando a rocha,
imperiosas sob o cetro da gravidade.
Avistarei iridescentes vapores protegendo as pupilas
de um brilho que se me afigura excessivo,
guardarei nelas todas as cores do espectro –
não as abandonarei, não andarei cinco metros
sem o translúcido anteparo de suas curvas.
Imergirei nos pontos mais profundos,
testando intrépido o poder de meus membros,
sustentando, ávido por distâncias,
a respiração interrompida pela ausência de brânquias
concebida de antemão.
Descerei, molhado, escadarias de degraus altos e longos,
com os pés descalços sobre o chão pedregoso.
Deitarei na grama sob o sol que se esconde, considerando
finalmente abrir, à força se necessário,
um buraco na terra, introduzindo ali
os estrondosos relâmpagos da tempestade fecunda.
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