N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Alguém me ouve a menos de sete palmos?

Não sei se estou
falando para os túmulos

se me ouvem
unhas e cabelos
que seguem crescendo
lado a lado
com os vermes
em corpos nauseabundos

Talvez minhas palavras
estejam há muito
decaídas

empoeirando as casas
mal assombradas
pelos espíritos doídos
das desventuras
de outras vidas

Soando barítonas
e cadavéricas

sob aplausos
e estalos inaudíveis
pedaços de ossos espalhados
entre mãos dadas
e velas retorcidas

Outra voz porém
não tenho

se todo sentido
finda obsoleto
serei um lembrete
em forma de fantasma

de quando se precisava
de alertas
e do passar do tempo

Se uma alma viva
meus discursos tocam

festejemos anacrônicos
em meio a cores novas
quem sabe nosso coro
como suave contraponto
pelo vento carregado
atinja uma dimensão precisa
que o presente renegava

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, Edu!

Só mesmo a habilidade de um poeta para conseguir dar beleza a imagens mórbidas e nelas conseguir uma expressão tão eficaz.

Abraço!

Luís Fernando

Tatiana Ferreira disse...

É... diferente. Umtanto quanto sombrio. Não sei se foi eu que não entendi, não ando muito reflexiva. Mas mesmo assim você sempre compõe um texto gostoso de ler!

Abraços

Anônimo disse...

oi Carlos Eduardo, até que enfim tô aqui. Adorei o "Alguém me ouve a menos de sete palmos?" se der imprima-o para conversarmos mais. Virei outras vezes. UM abraço, Clarisdina