N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

"Entre o ser e as coisas"
Carlos Drummond

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Gandhi faz aniversário


Eu estava pensando em dizer, “estaria fazendo aniversário”, mas daí lembrei que Mohandas Karamchand Gandhi é um desses grandes da humanidade, que nunca morrem. Não é à toa que esses caras têm sua data de nascimento prestigiada por encontros, congressos, manifestações e outras formas de reverência.

O cara em questão faz hoje 139 anos, embora apenas 78 deles tenham sido passados “vivos”, no sentido tradicional da palavra.

Será que Gandhi está mesmo vivo? Como está a Índia que ele liderou à libertação do jugo britânico? Onde está o princípio da não-violência?

Em primeiro lugar, a Índia se dividiu, ao contrário da vontade dele, e desse cisma surgiu o Paquistão. Mas será que essas nações irmãs iriam conviver em paz? Por enquanto, o que se vê são as duas se armando a nível atômico, desconfiadas da vizinhança.

Pobreza, miséria e excesso de gente afligem a Índia. Mesmo com crescimento econômico, as condições de vida da maior parte da população permanecem precárias.


A primeira vez em que assisti ao filme que fizeram tendo como base a sua vida, achei chatíssimo e, se não me engano, dormi. Mas eu devia ter uns 9, 10 anos, pegando carona numa fita que a minha irmã tinha alugado. Mais tarde, assistindo de novo e descobrindo sua importância nas aulas de história, fiquei fascinado com a figura da “grande alma” (Mahatma).

Usando manobras simples e inteligentes, levou os indianos a fazerem suas próprias roupas, adquirir o seu próprio sal e sentir que não precisavam dos ingleses e não os teriam mais mandando ali – tudo isso sem pegar em armas.

A Índia é o mundo para caras como Gandhi. O que se vê, hoje, é bem diferente de seus ideais. Guerras, terrorismo, “guerras ao terrorismo”, criminalidade, muitos tipos de violência a mão armada.


Para remediar isso, acredito que ele diria: “paciência e trabalho”. Aí estão as iniciativas coletivas, as ongs, as fundações, se empenhando por concretizar ideais de paz e fraternidade, algumas sendo brutalmente reprimidas pelos poderes instituídos, como ongs da área de ecologia ou direitos humanos. Embora muitas dessas organizações sejam de fachada e marcadas pela corrupção, outras tantas são sérias e produzem um trabalho efetivo.

Gandhi não viu o mundo que queria. Eu sei que também vou morrer sem ter visto o mundo que eu quero. Mas acredito na humanidade. É uma longa vida, a nossa. E mal começou.

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